Isso aí. Mil anos que não escrevia aqui. Aqui na Coluna Vertebral, né, porque no Gramofone a coisa é quase diária, quando não mais. Por que eu quis voltar com esta seção agora, naturalmente é uma pergunta que vai aparecer na sua cabeça. Planejamento, estratégia, disciplina e muitas hora de estudo. Claro que não! Estava só vendo uns vídeos no youtube quando me linkei no clipe que a Lurdez da Luz acabou de lançar, "Levante" - e que se você tá ligado no Gramofone já sabia que ia rolar. Vi o clipe, tive centenas de pensamentos ao longo dos 2 minutos e 29 segundos do vídeo, e um deles foi...
..."postar este clipe, claro", já que curto pra caralho o trabalho dela solo, e as várias parcerias virtuosas que já fez, idem. Outro pensamento já veio logo querendo definir "como" fazer. Abri esta janela pra preparar o post, ouvi mais uma vez a música enquanto meu lado crítico me dizia algo. De cara, mudou pra caralho o som dela. Eu disse o som, porque as letras da Lurdez seguem sendo relevantes e instigantes.
No entanto, a produção da música dela mudou. Embora o Alexandre Basa - que é parceiro de longa data da cantora - tenha voltado a produzir seu som, ele tomou rumos diferentes dos então traçados com muita competência. Melhor, pior, isso é de cada um. O vídeo foi ao ar ontem, hoje tem 2019 views, 53 gostaram e 3 não gostaram. Parece ter boa aceitação, né? Já vi boas críticas sobre o clipe na blogsfera também, e coisa e tal.
O fato é: beem mais eletrônico que antes, o grave, ou melhor, o subgrave é uma constante na música toda, e é certo que é bem instigante e dançante o ritmo também. Mas me diz aí, você acha que este estilo musical combina melhor com as letras, a atitude e toda a força da voz dela?
Pra mim mim isso é loucura, na moral. Cara, você tem o disco dela homônimo de 2010? Tem? Massa. Não? Putz, não conta pra ninguém não, mas fica tranquilo que eu refiz o upload do disco no mediafire aqui e dá pra correr atras do prejuízo sempre. Mas porra, esse beat e synth tão potente junto desse grave e subgrave alucinantes ficam querendo ser mais que a voz dela, que a letra dela. Po, aí é foda. Se sua internet for bem boa, você já fez o download ai. Tá ligado como fica encaixado, letra, voz e beats? Dá pra sacar a ideia dela, que é massa. Mas esse turbilhão de sons deixa a música preparada como que pra uma espécie de "Beyoncé/Britney Spears/Quem mais?", que tanto faz quem tá cantando. E isso não é de longe o caso da Lurdez da Luz. Compare com o vídeo abaixo.
Olha a finesse desse som. Compare com o clipe recém-lançado, no fim do post.
Ela é das antigas do rap, canta muito, compõe bem, tem letras diretas e desconcertantes que são o terror do establishment, e não pode ter esse tipo de acompanhamento. Alexandre Basa e Ricardo Fernandes que me perdoem. Quem sou eu pra discutir arranjos musicais com eles? Ninguém. Quantos views e curtidas o clipe vai ter? Muitas, com toda certeza. O som ficou mais pop, eletrônico, mascarando mais o que se diz e é disso que a grande massa gosta. A galera quer ouvir "qualquer coisa, coloca no rádio aí", o que não representa a galera que frequenta o Gramofone.
Por que colocar um vídeo com um som que não gostei aqui então? Normalmente não perco meu tempo escrevendo sobre coisas que não gosto, você acha que vou escrever aqui sobre Michel Teló? Tá doidão? Esse também foi um dentre aquela centena de pensamentos a que me referi acima. No entanto, vendo e ouvindo mais umas vezes o clipe/música me liguei que tinha que falar o que tava pensando vendo uma de minhas artistas de rap preferidas mudando radicalmente seu som. E foi por isso que eu quis voltar com esta seção.
Saca o clipe aí. Curtiu?
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