Quando o Festival SemParedes começou, no dia 03 de outubro, soubemos que acontecesse o que fosse
dali pra frente, o mais importante, o que mais ficaria marcado era a energia
positiva que as pessoas transmitiam umas as outras. Num espírito de colaboração
e parcerias, o festival se desenvolveu e se organizou em torno de um mesmo
desejo: levar cultura de qualidade gratuitamente às pessoas.
Desde segunda-feira passada foram oferecidas oficinas,
exposição de filmes, teatro, dança, poesia e muita música em diferentes lugares
da cidade, ampliando ainda mais a sensação causada por um festival sem paredes.
Sem paredes e de graça, o que é muito melhor.
A partir de sexta-feira as atividades se concentraram no
campus da UFJF, com oficinas de slackline, skate e uma penca de shows que
agitou o fim de semana da região. Neste mesmo dia, os convidados da noite
Sandra Portela e Tianastácia, cada um ao seu tempo e do seu jeito, animaram um
público que encheu a praça cívica da universidade e cantou grandes sucessos da
velha guarda do samba e também o pop rock
da veterana mineira, Tianastácia.
No sábado, quem abriu a programação foi o ácido rock n’ roll da banda juizforana Martiataka, seguidos pelo Mekanos, que veio direto de Poços de
Caldas e segue participando de outros festivais pelo edital de Circulação
Estadual do Programa Música Minas.
O palco da Praça Cívica ficou pequeno para o Silva Soul, que fez uma grande
apresentação em casa depois de tocar nos festivais Alambique, de Barbacena e
Transborda, de Belo Horizonte. Na sequência foi a vez do indie rock mineiro do Acidogroove,
que preparou o público para a trinca El Efecto, Dibigode e Rael da Rima.
O El Efecto foi a
grande surpresa do festival, pois é uma banda que representa muito bem o
espírito dos festivais com sua diversidade sonora. É impressionante a forma que
a banda viaja por ritmos e sonoridades, indo do metal pesado ao tropicalismo
sem titubear, causando impacto no público presente, com letras fortes e
questionadoras.
Sem letras, mas com duas baterias, e um som fantástico o Dibigode não deixou por menos e foi
também um dos grandes pontos altos do festival, assim como o rapper Rael da Rima, que à frente de uma super banda levantou o público e
botou a galera pra balançar.
O belíssimo dia/noite de sábado fechou com o show do Garotas Suecas, uma das principais
atrações do Festival Sem Paredes.
O último dia de festival começou animado no Festival Sem Paredes, contou com a presença de muitas crianças, famílias e esportistas que tiveram o prazer de presenciar o som da Suíte Para os Orixás e sua percussão incrível, que contou com potes de cozinha e folhas de palmeira para fazer um jazz muito bem enraizado na cultura negra. Incrível!
Na sequência do ensolarado domingo veio a chuva, que
espantou um pouco o público, mas não esfriou a grande noite que se iniciava com
o som das bandas Glittermagic e Lumière.
Quem também se destacou quando tocou foram as juizforanas da
Matilda, o Quinteto São do Mato, e o rock
n’ roll instrumental e experimental da Aeromoçase Tenistas Russas, que na verdade são uns caras barbudos lá de São Carlos
que fazem uma somzeira nervosa que dá gosto de ouvir.
A seguir, subiu ao palco uma das atrações mais aguardadas da
programação, a banda carioca Do Amor,
que se apresentou com muita energia e vontade em cima do palco, chamando a
galera pra curtir o calor do som mais de perto. Entre as músicas cantadas pelo
grupo, as que mais animaram a galera foram a suingada “Pepeu Baixou em Mim”, o “balanço maneiro de Belém do Pará” da “Isso é Carimbó” e a irreverente versão
da banda para o sucesso “Lindo Lago do
Amor”, do grande mestre Gonzaguinha.
Quem ficou até mais tarde, teve o prazer de curtir Black Sonora e BNegão juntos no mesmo palco. A banda de BH entrou primeiro e tocou
algumas de suas boas músicas autorais, como “Poesia Urbana” antes de receber BNegão. A mistura do soul e black music com rap do
cubano Rubén Santillana que o Black Sonora faz (que nós inclusive já
apresentamos aqui), é muito espirituosa e não permite ninguém ficar parado.
Agora imagina o peso, o groove e a
responsa do som do BNegão junto deles. É porrada na nuca, meu irmão.
Entre as músicas apresentadas, estavam “Kilariô” e “A Vida em Seus
Métodos Diz Calma” do genial e arretado músico e compositor pernambucano Di
Melo, além de sucessos do BNegão e Os Seletores de Freqüência, como a direta-no-queixo
“A Verdadeira Dança do Patinho” e a
reflexiva “V.V”.
Passada esta semana bem culturalmente ativa na cidade de
Juiz de Fora, o balanço que fazemos é mais que positivo. Muita música
não-comercial pôde ser ouvida, mostrando que o mercado musical brasileiro é
extremamente rico e independente da mídia gorda. Todos que tiveram interesse
puderam, durante sete dias, ter contato com uma variedade enorme de atividades
culturais totalmente abertas a quem quisesse chegar e participar. Afinal, o
festival é antes de tudo, Sem Paredes.
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